segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tomorrow

O vento vem pela janela
minha mente martela
quão belo
o som do cello

O tempo passa
na verdade roda
a alma caça
ela quer de volta

O quê? Não sei
só sei que passei
como retornei?

Yesterday um gueto
Hoje um soneto
O que virá tomorrow?

Oh Lua

Oh lua, por que me olhas deste jeito
enquanto ando pela rua e penso em você?
Oh lua, por que não desce do céu
e vem me encontrar, me ver?

Tenho mesmo que te admirar de longe?
daqui a pouco vou me tornar um monge
Me sorri com a crescente, foge com a nova
me olha com as estrelas, o amor é foda

Translaformação

continuo parado
enquanto o mundo roda
do meu lado
nada se transforma

As coisas continuam como a três anos atrás
Chances aparecem e dizemos "Nada de mais"
Alguma parte da mente esquece que o mundo é vivo
Eu mesmo não cumpro o que digo

Ignoramos a vida, ignoramos o comum
esquecemos que coisas acontecem, chances passam e pessoas mudam
quando a ficha cai, ficamos vazios como nenhum
não aproveitamos e esperamos que as coisas surjam

nada vai surgir do nada
não existe fada
seja mais safada
suba essa escada

não existirá outro tempo, outra chance
tenho que aproveitar cada lance
Errar todo mundo erra
mas são poucos que ganham a guerra

Abandonamos a vitória por medo
deixamos as coisas cedo
O mundo roda
tudo se transforma

Criamento

Quero produzir alguma coisa boa
Algo que desafie a criatividade
Algo que encante a humanidade
Me tragam um mar, o rio, uma lagoa
me deixem dançar na garoa

Cadê meu Jack Daniel's?
Bring back my angels
para ver alguma coisa espetacular
para ficar feliz, dançar e criar
me deixem gritar

Quero meu cohiba
chega de graça
não proiba
traga a cachaça
pra ficar de enfeite

Quero flutuar
nas nuvens de algodão
deitar, pensar, fumar
enquanto olho para o chão
e como biscoitos de leite

é dificil criar?
tanto quanto sonhar
é dificil viver?
tanto quanto querer
é dificil amar?

Identidade

O que é isso? Normalidade
Ser normal, ser boçal
Não está na minha identidade
ser vagal, natural

irreal, imoral
talvez até
transcendental
Eu sou o que é

Não um vegetal,
mas algo material, mortal
com inicio e fim
como suas calças de brim

Branco como como cal
magro como tal
Exótico, anormal
um tanto animal

Mostrando os dentes
expandindo a mente
Se tornando astral
um corpo sideral

Entre o bem e o mal
rola a vida
Passagem só de ida
Para o final

voltando para o central
vemos que cabe mal
dentro de uma só identidade
tanta personalidade

Soneto de fim de ano

Vejo as bolas, é natal
Escuto a batida, é carnaval
sinto o gosto de chocolate
o cão com os fogos late

A mente de prazer alucina
O ego com esperanças reanima
A felicidade toma conta
A carteira perde a conta

Fim de ano é putaria, é carnaval
Na saúde ou na doença, faz a alegria geral

também é renovação
verão, estação da paixão

Soneto do alcoólatra

Te encontro nas mais diversas formas
da mais sórdida, até a mais elegante
tua boca tem em um só tempo todos os gostos
do doce e enjoativo ao amargo incessante

teu riso me faz rir
tua companhia me faz feliz
teu cheiro me fascina
tua personalidade me ilumina

muitos são loucos por ti
muitos se perdem por ti
muitos se matam por ti

discreto como elefante
torna as coisas mais brilhantes
tu alcool, seu tratante

Sorriso de medusa

Pela minha janela vejo coisas
coisas que nem ela saberia explicar
puxo a lente perto e perco o ar
um sorriso, simplesmente um sorriso

Tão nocivo e perigoso
incisivo ele me encara
ja destruiu muitos homens, a mente para
o olho já viu

Teu sorriso de meduza
me seduza, seduziu
minha mente já fugiu
um sorriso, simplesmente um sorriso

E isso devia ser proibido
porque o querer nos deixa loucos
o desejo e o poder são para poucos
que conseguem já de manhã o ter

Ao seu lado, no seu ombro
aos que não tem, resta o escombro
este tipo de homem não vem ao caso
um otário, renegado, pobre escravo

Minha meduza, sei que me usa
para a própria diversão
assim como não estou louco, e sim são
não se importe, nem um pouco

Nosso pacto está na flor da idade
pela frente ainda teremos muita diversão
não importa se é amor ou paixão
até melhor já que não quebra o coração

Ele & Ela

O branco, o preto
O homem, o gueto
O sol, o luar
O moço, o sonhar

A vela, a procissão
A festa, a diversão
A moça, a vagina
A prata, a mina

O azul, o céu
O sexo, o véu
O triste, o sorridente
O banguela, o dente

A cachaça, a cerveja
A puta, a mesa
A bunda, a excitação
A surpresa, a exaltação

O verso, a caneta
O homem, a mulher
Ela gritando meta
Ele indo onde der

Liberdade, Liberdade

sinto o ar saindo
ideias esvaindo
querem me sufocar
o povo quer se libertar

Eu quero a liberdade
poder falar a verdade
sem ninguém interferir
sem ninguém se ferir

Querem enganar o povo
queremos um estado novo
eles querem nos dominar
nós, queremos cantar

liberdade, igualdade, fraternidade
paz, amor, honestidade
um belo dia vai chegar
então poderemos respirar

Como nasceu o eclipse

Certa vez a lua perguntou para o sol:
- Por que foge de mim e me deixa só?
Me dá os mais caros diamantes
um céu repleto de brilhantes
mas me priva do seu calor
não me abraça com ardor
e me abandona no escuro
seu coração é frio e duro

Ao passo que o sol respondeu:
-Tu sabes que tudo sou, menos Romeu
A luz que brilha em ti, é brilho meu
e lhe dei todos os meus diamantes
para que lembres de mim quando estiver distante
te abraçarei forte no futuro
e vamos juntos, deixar o mundo escuro

velho, envelhecido e envelhecendo

O vinho velho envelhecido
está quase vencido
o odor podre que exala
a escuridão vem e toma a sala

ninguém mais aguenta
o monólogo chato
o cheiro de menta
o andar de pato

O velho vinho pensa:
-Quando vão me tirar desta sala?

Seus companheiros ficariam satisfeitos
em ser meros vinhos de mesa
mas o velho vinho não quer defeito
quer o lugar mais caro a que tem direito

Seus companheiros lhe dizem:
- Deixa de sonhar, sai logo daqui e acha teu lugar

O velho vinho tem consciência
que idade traz ciência, gosto e sabor
e que pode acabar virando vinagre
e não há nada que desfaça, nem milagre

Mas quando sair da adega terá cor
para refinado paladar, nobre sabor

Ao finado Jader

Acordo cedo com o sinal
levanto, me sinto mal
Segunda-feira, horário de verão
chuva, esse dia é o cão

logo cedo
eu recebo
uma notícia
que delícia!

Não é possível que seja verdade
Meu querido amigo, apesar da pouca idade
se foi deste mundo, Jader, sentirei saudades

Lembro bem do seu sorriso, sua vontade de viver
sua alegria irradiando, apenas por ser
Não tinha medo de viver, nem vergonha
Pra rir a toa não precisava de maconha

Seu filha-da-puta, porque teve que ir embora?
Em pouco tempo era teu anoversário, logo agora?
porque a vida sempre leva os melhores? os mais felizes?
Leve embora os emburrados, depressivos e infelizes

minha próxima garrafa será em tua homenagem
meu próximo fino, chá ou qualquer viagem
dedicarei a um homem que só queria ser feliz
que não media esforços para sempre sorrir



Sim é real

O coração se entristeceu
Por uma mente alegre
que de repente desapareceu
inacreditavel, a vida segue

Pensamos ser eternos
imortais, irreais
como se a vida
não fosse nada demais

e sem nenhuma sutileza
logo vem a tristeza
se instala, nos ampara

descobrimos o que já sabiamos
acreditavamos mas não criamos
sim, meu bem, a morte é real

Cantiga das carmelinda

Olha as lindas carmelindas
lá embaixo no jardim
as moças quando passam
só reparam nos jasmins

e as lindas carmelindas,
destoantes da paisagem
viram só como se fossem
vira latas de passagem

a chuva cai fina em cima de um carvalho
e as pobres carmelindas se afogam com o orvalho

Quem vai cuidar? Das lindas carmelindas
Quem vai chorar? pelas pobres carmelindas

Enquanto o inverno ameaça a chegar
as minhas carmelindas desabam a chorar

Soneto do baile

A luz, a cor
o som do amor
o cheiro da branca
corpos em dança

a batida no peito
uma piscada sem jeito
um sorriso se abrindo
a cerveja vem vindo

a moça se aproxima
os lábios pra cima
o mundo para

A música tocando
o beijo rolando
minha mente voando

Quando o encanto acaba

O encanto acabou
o vento bateu
você chegou

O perfume encheu o ar
tua figura a desfilar
já deixei de sonhar

Muitos diriam que estou louco
mas te amo e não é pouco
amo tanto que és minha realidade
e o mundo não existe de verdade

Soneto para o tédio

Não é nem metade da manhã
as coisas se recusam a acontecer
O dia demora para entardecer
como eu queria minhas meias de lã

O tempo se arrasta
as flores ainda não abriram
os ponteiros não giram
chega, pra mim basta

cansado desta merda
faço planos, sonho metas
mas o tédio continua

o tempo tiquitaca devagar
as pernas dormem
e a mente, se recusa a voar

Patos

Tem patos pateando por ai?
Patos e suas patas passam aqui
patinhos e patões, com suas asas e culhões
andam pateando por aqui

de manhã as patas vão
pateando pro salão
levam seus patinhos
pateando no caminho

As patas penteando no salão
se arrumando pros seus patos
sem medir seus próprios atos
Patos jogados pelo chão

Os patos patetas
Batendo a testa
quebrando canecas
e culpando as arestas

Os patos com suas Patas
pateando, patinando
e os patinhos, pequenininhos
sorrindo e assistindo

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dez estrofes para a despedida de um velho

Abro as minhas asas
Veja como o mundo é belo
Familias sorridentes em suas casas
avós com seus netos

A tarde o cheiro de bolo
no colo um noveo em rolo
Um programa qualquer na TV
onde um mago o futuro prevê

No bule o café quente
Acalma a mente
enquanto o corpo, simplesmete
fica dormente

Me deito no rede
com meu cobertor de vento
um quadro na parede
me lembrar, tento

A memória já me falha
As juntas rangem
Folhas, se juntam na calha

O que é duro de viver é doce de lembrar
Lembro me de tudo, menos do retrato,
da inocência, da juventude, do cheiro no ar
Porém o nome me falta, e cresce o mato

Envolta de mim, 
Afogando as lembranças
que juntamos nas andanças
Simples assim

Rego as minhas flores
Obrigado por esconder as minhas dores
nem todos podem ver
tudo o que temos para esconder

E o meu jardim verdejante
Vibra incessante
Como se a vida fosse para sempre
como achávamos e diziamos "Arrisque-se", "Tente"

Estou desaparecendo
Indo para o desconhecido
e nem sei se estou descendo ou subindo

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Soneto da indecisão

Se já estou no meu final
para que conquistar quem amo?
No fim só sobrará dor e lágrimas
para que então esta saudade?

Logo direi Tchau
então irei para outro plano
não nego que te amo, até demais
mas logo estarei em outra cidade

Vale a pena esta data de validade?
Deixar para trás o orgulho e a vaidade
ou abandonar a solidariedade?

Condenar quem amamos, por nós?
por apenas alguns momentos de felicidade.
Bem que poderiam durar a eternidade

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Balada do Pato

Certa vez, em um dia tenebroso, escuro e bem chuvoso
estava um pato vagando em um deserto árido
E pensando onde havia torrado a sua vida
se lembrou de uns anos atrás e começou a querer comida

Como a sua existência, principalmente para a ciência
havia sido imprestável, algo imaginável
Então se lembrou, da pata que amava e abandonou
para realizar seus sonhos egoístas, de ser barista, stripper e ator de filme pornô

Perdido nesta vida, nas drogas mergulhou, cheirou e injetou
Quando não restava mais alegria, uma pílula ele engolia

A vida mudou, na loteria ele jogou, acertou e ganhou
Comprou uma ferrari, jatos e quadros de portinari
tinha uma casa, dois cachorros, 3 piscinas e um lago aquecido
Todos os dias a casa vivia cheia de patas, mulheres e alguns travestis.

E foi então que a tristeza do pato apareceu, um traveco ele comeu
Pegou AIDS, torrou a grana em tratamento e clareamento
Já pobre, ele ia andando pelas ruas apenas nu
enquanto pensava: "Será que algum dia acharei a pata que me amava?"

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Lembranças mortas

Fotografias em preto e branco
o cheiro do seu perfume
sua postura no banco
as luzes dos vagalumes

Ainda que se vá desta terra, vives
ainda que presa a um caixão, estás livre
ainda que teu corpo não movas, tu danças
ainda que enterrada, tu voas

Podes não estar viva na terra
mas o mundo da mente jamais erra
nem que apenas na minha mente
as lembranças tornam alguém sobrevivente

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Ecos do Tempo

Ouço um grito distante
Sinto o cheiro do pó
Lembranças angustiantes
O espírito só

Coisas passadas, coisas futuras
os olhos da moça, desesperados
os erros do passado, nos ombros, pesados
quem sabe agora a fruta está madura

As coisas se repetem diante dos meus olhos
refazendo o ciclo, ecoando no tempo
aos gritos passados fico atento

quando percebo a lágrima, eu a conforto
Os erros do passado, os ecos do futuro
A poeira das lembranças, tão vivas, quase sumo

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Essa Fada

Pó de tempo
Cheiro de vento
Clarão de luz
Corpos nus

Essa fada, a madrinha
Vem voando
vem gingando
Abusando das criancinhas

Espalhando pó de tempo
Semeando os fortes ventos
para cultivar os sentimentos

As criancinhas crescem
as fadas desaparecem
mas as marcas permanecem

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terça-feira, 27 de abril de 2010

A fita

Fecho os olhos e onde estou?
Penso um pouco e quem sou?

Vou rebobinando a fita
vendo as imagens para trás
esperando que alguém me diga
para onde o futuro vai

gente morta cheia de vitalidade
impérios destruidos na flor da idade

Tudo se reconstrói e se cria
mas a minha carne ainda fria
Grita quem sou eu?
que futuro é o meu?

onde minha vida foi parar eu não sei
o culpado que admita, eu errei


A fada

A fada verde vem chagando
as luzes vão dançando
o coração acelerando
a mente despertando

  Abro os olhos e vejo o mundo
ele é mais profundo
do que sempre acreditei

  A luz, a sombra
A forma, o cheiro
o movimento
o sentimento

  Se tudo tem sentido, cadê o meu?
Se amor é imortal, onde está romeu?
Se a luz é mais forte, pra quê a noite?
Se a paz é boa, quem inventou o açoite?

  Perguntas vazias levando a nada
enchem minha mente e ela embala
A fada verde me fala

  mas não entendo
ela grita
estou descendo

  me joga neste buraco pelos cabelos
poço de ilusões, abismo profundo
de olhos abertos vejo meus pesadelos
lentamente deixo o mundo

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Estrelinhas

Escuto os loucos risos
Rios transbordantes, brilhos inconstantes
de estrelas que só querem brilhar

  Vejo a vossa dança
Nesta grande ansia
de se destacar

  O brilho se espalha
os olhos pela sala
sorrisos de canto
Cinicos canticos

  Tua verade e falsidade
já se perderam na eternidade
enquanto fico a olhar
a tua louca vontade de brilhar

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quinta-feira, 11 de março de 2010

A festa

O cheiro de madeira
os carinhos do vento
o barulho da mamadeira

O azul resplandecente
o vermelho vibrante
a moça decente

As teclas do piano
o brilho das estrelas
Gente falando

A alegria do riso
O branco dos dentes
o brilho do piso

Taças tintilando
bandejas passando
pés dançando

o som ecoando
a diversão a toda
a festa acabando

O soneto do espelho

Abri os olhos e vi
Encarei o espelho
Notei os contornos
Percebi que envelheci

A barba por fazer
Meus olhos a me encarar
Os traços maduros
e o espirito ainda a crescer

Notei que minha curta existência
De nada serviu, não há nada a acresentar
Dentro da minha mente ouço, "Paciência"

O tempo passou, não notei
oportunidades, chances, amigos
vidas e sorte, eu desperdiçei